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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

imagem chocante

Ontem eu pude presenciar uma cena que me chocou, mas que ao mesmo tempo de deixou feliz e com prazer. Vi uma mãe dando beliscões e safanões em seu filho de pouco mais de 10 anos ao atravessarem uma rua pouco iluminada, no período da noite. Enquanto ela o fazia, proferia algumas expressões como: "nunca mais faça o que fez hoje", e mais: "tenha mais educação", e "não me desrespeite na frente de outras pessoas como você fez lá hoje". Bem, na hora, como educadora que sou, até pensei em gritar e dizer que a cena era assistida por várias testemunhas, mas como professora que sou, até entendi a atitude dela, pois hoje em dia, parece que não se pode mais dar limites aos filhos e suas atitudes acabam ficando impunes a beira de um monte de direitos que lhe são assegurados por tantas instituições à favor criança, mas alheias à conjuntura, ao berço familiar. São tantos nomes de conselhos: da criança, do adolescente, que quando se fala em "tapa corretivo" todos caem em cima dos pais - que por sua vez viram reféns dos próprios filhos - fazendo-os ficar com medo de impor os limites necessários à boa formação do filho. Ora, o que sobra então para os professores, que sequer podem colocar ou mencionar a palavra "castigo" na sala de aula diante destes tão jovens delinquentes. A escola, atualmente é um local onde alguns professores, crentes de sua missão, tentam sobreviver com saúde em meio a tanta falta de educação, respeito e valores. Alguns pobres meninos e meninas que nasceram e tiveram um "berço" e que ainda têm respeito pelos pais e familiares, e que ainda guardam e demonstram educação e respeito para com os demais adultos, estes alunos e alunas que acreditam na escola como um meio para se adquirir conhecimento para o futuro, estes sim, são os mais prejudicados, pois, os professores exaustos e mau valorizados pelo sistema, têm que ficar de 15 a 25 minutos da aula de 50 minutos, chamando a atenção daqueles que não querem e não têm nada: nem respeito, nem valores, enfim, nem berço. E os professores - "educadores" - acabam perdendo a paciência - que eu mesma adquiro e tento renovar a cada instante com aquilo que mais amo (a música - basta que eu cante algum verso de algum coro de ópera presente em minha memória que na mesma hora, meu desequilíbrio e minha fúria vão passando e vem a tão esperada paciência de volta!) e gritando, e proferindo palavras não muito "educadas" para todos - bons ou maus, inocentes ou culpados - e todos - sem dúvida - acabam perdendo muito. Aí, a aula acaba e onde foi parar a conclusão do trabalho? O que se aprendeu no final? Talvez a única lição que nem era necessário aprender na escola - aquilo que a vida mesmo se encaminha de ensinar - que bateu, levou! no sentido de falou o que não devia, ouviu o que não queria.
Outro dia mesmo, um aluno do 6º ano, jogou o chiclete que mastigava no rosto de uma colega que sentava atrás dele (sendo que o cesto de lixo da sala estava a um braço de distância dele). A reação dela foi de dar-lhe um merecido tapasso nas costas, bem audível que eu fiquei atordoada e creio, o menino sem fala. Gente, pensei "o que é que eu faço, nenhum detinha a razão, mas o que falar num momento desses". Fatos expostos, tive que ver se o menino estava bem - apesar de seus olhos úmidos - e perguntar se ele queria ir à supervisão registrar o fato no caderno de ocorrência da escola. Mas ele, pouco inteligente que não é, todo orgulhoso e até proferindo vingança, disse que não, pois tinha a certeza de que, ao relatar o fato à direção, todos seriam contra a atitude tão desrespeitosa dele em achar que sua colega era a porta de entrada para seus dejetos pessoais. Bem feito! Pensei com meus mais sórdidos neurônios. Usa a cabeça pra quê? Só pra ter idéias imbecis ou para colocar um bocado de miolos que não servem pra nada???
Então, pensando nisso, nestas reações minhas diante destes dois fatos, me pergunto: onde foi parar minha paixão, meu sonho de ser educadora um dia??? Será que se perdeu em meio aos trabalhos sem capricho e com letra pouco legível e com erros absurdos de separação de sílabas que pude constatar em algumas provas de alunos como este??? Ou será que era somente um sentimento enganador que me levou direto pro caminho mais atordoado para se ganhar dignamente a vida atualmente??? Não sei! Só sei que quando posso, em meus breves suspiros de "sobrevivi a mais uma aula" coloco meus pensamentos na música e é somente com ela que consigo ir à diante. Quando consigo, me faço ouviu cantando uma das inúmeras músicas que conheço, em alguma língua moderna. E eles até se acalmam por alguns segundos, até minutos. Mas é sempre o grito que prevalece. E, o cansaço, a exaustão, o desabafo com um amigo, os olhos fundos e cheios de olheiras, o olhar triste e deprimido e, enfim, a música como algo renovador! Mas, até quando ela terá que ter este fardo???

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