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terça-feira, 3 de julho de 2012



   O texto a seguir foi um desabafo que fiz ante a uma colocação de uma pessoa que se dizia 'universitária' sobre o advento da construção do nosso teatro municipal em Uberlândia. 
     Eu o enviei para o quadro Opinião do Leitor, do Jornal Correio de Uberlândia, mas não foi aceito. Então estou postando agora. 
opinião do leitor - jornal correio - 27/julho/2008
Há momentos em que eu leio ou assisto coisas inimagináveis, que me deixam em perplexo estado de revolta e espanto e com a sensação de estar em meio a um pesadelo que parece não ter fim. São tantos atos violentos, tanto desrespeito aos direitos civis e outras coisas do gênero, que sinto que há duas paredes que se movem tentando nos esmagar, e não temos como e nem para onde fugir. E nestes momentos, como educadora que sou, tento levar um pouco mais de minhas experiências de vida para a sala de aula a fim de tentar prevenir coisas absurdas como a que li outro dia no Jornal Correio. Uma universitária, de nome Maria Abadia, disse ser contra a construção do teatro municipal uma vez que isto (o teatro) “é coisa do passado” e que tais verbas deveriam sofrer outro destino.
Imaginem, queridos leitores que, se alguém com poder de veto, ouvisse uma opinião tal como esta, e resolvesse aceitar e cancelar a federalização da UFU, que ocorreu há mais ou menos 40 anos. Hoje não teríamos este bem público e federal, onde se produzem inúmeras formas de conhecimento e cultura, onde milhares de pessoas já receberam seus diplomas e, hoje, atuam em diversas esferas sociais, em diversos lugares, não apenas no Brasil como em outros países. E estou citando apenas a UFU, que é uma instituição que conheço bem. O que seria da cidade de Uberlândia, dos negócios, da multiplicidade de coisas que aqui ocorrem devido aos milhares de estudantes que aqui residem.
É bom ressaltar que verbas públicas destinadas a quaisquer construções, realizações ou projetos públicos, passam por rigorosos processos de avaliação. Esta verba que tem vindo para o município de Uberlândia é tão somente para a construção do teatro municipal, e não pode ser (simplesmente ao deus dará!) destinada a outros projetos de “cultura para a juventude”.
Quero contar uma de minhas experiências enquanto integrante do Coral da UFU que poderá exemplificar a importância de um teatro municipal adequado. Fomos convidados a apresentar a ópera O Guarani (do grandioso maestro Carlos Gomes), em uma cidade na região do Alto-Paranaíba. A hospitalidade anfitriã foi excelente e fizemos uma belíssima apresentação apesar de alguns problemas que apareceram. O local em que iríamos apresentar era um antigo cinema (desativado). O palco era minúsculo. Não havia coxias suficientes para todos coralistas ou solistas, enquanto estes não estavam em cena. E o camarim, fora totalmente improvisado atrás do palco entrecortado com meia-luz e cortinas semitransparentes. E aí, meus caros, neste momento temos que ter alma de artista (e de esportista) e amar o que fazemos para não desistir de tudo.
É infinitamente pequeno pensar que esta verba pública que veio e que ainda tem vindo para a construção desta obra, beneficie apenas o município de Uberlândia. Este espaço é senão um bem público maior, que servirá para todos os tipos de manifestações culturais advindos de projetos públicos ou privados, que se destinem a contribuir com toda uma sociedade. Este espaço servirá para apresentações de caráter regional, nacional e porque não, internacional (Circu du Soleil, por exemplo).
Assim como o Coral da UFU e tantas outras instituições e grupos da casa, amadores ou não, saíram para se apresentar em outras cidades, poderemos também abrir espaço para que grupos nacionais e internacionais (a cultura não possui fronteiras) tenham a oportunidade de fazer o mesmo em nossa cidade, fazendo-a destacar-se também na cultura, uma vez que já possui fama nos agro-negócios.

Lúcia Helena de Souza (Professora de Inglês, Musicista, Poeta, Florista e Empresária do Ramo do Cacau – e-mail: lucia_teacher@yahoo.com )